CORPO LÍQUIDO E PLÁSTICO 0.1 | A. Isa Araújo & Cláudio Sousa

DREAMATORIUM
Junho / Julho 2020

A. ISA ARAÚJO & CLÁUDIO SOUSA |  Corpo Líquido e plástico 0.1

“Corpo líquido e plástico 0.1 é a primeira fase de uma sequência de trabalhos sobre a emergência climática e o seu peso na relação circular do corpo, ele próprio ambiente, com o meio ambiente. O projecto indaga a leitura e relação de diversas pessoas com a crise climática, questionando sistemas económicos e políticos que provocam uma crescente insustentabilidade global. Questiona os paradigmas da oposição binária entre ser humano dominante e “outro-não-humano” e da natureza vista como uma realidade objectiva exterior, relacionando-os com conceitos de pós-humanismo, antropoceno ou capitaloceno, etnografias multiespécie e pós-colonialismo. O processo de criação caracteriza-se por uma abordagem metodológica de acumulação de camadas de apropriação, incorporação e re-significação num fluxo recursivo e reflexivo. Inicia-se pelo registo áudio dos testemunhos de várias pessoas sobre emergência climática e de uma consequente exploração de movimento a partir desses testemunhos por diversos performers. Esses registos das palavras, sons e movimentos dos diversos intervenientes sustentam a criação de um vocabulário coreográfico que será desenvolvido por A. Isa Araújo a par com a experimentação sonora de Cláudio Sousa, na residência artística promovida pela Electricidade Estética nas Salas Cinzentas do Céu de Vidro em Caldas da Rainha. Será este vocabulário o material para se relacionar em regime de site specific, e cujo processo de experimentação será materializado em vídeo-dança, com uma central hidroeléctrica abandonada, cujas estruturas criadas pelo ser humano para aproveitar a água estão a ser reapropriadas pelo “outro-não-humano”. A obra final consiste então numa instalação performática, de cariz audiovisual, participativo e interactivo, onde este vídeo-dança é projectado sobre uma cortina de água a correr cujo som in situ contribui também para a paisagem sonora, juntamente com sonoridades trabalhadas ao vivo por Cláudio Sousa e a faixa de áudio dos testemunhos. Quando o público se aproxima da cortina de água e com a qual pode interagir, o vídeo reage, não só pela alteração da própria superfície líquida quando é tocada mas também através de um software que reage à proximidade e que estará a ser manipulado ao vivo por A. Isa Araújo, tornando-se assim o público em mais um elemento responsável pela relação com o meio.